O que antes era um experimento inusitado agora virou rotina. Isso porque, o que antes era 37% em 2023 agora são 82% dos líderes empresariais utilizando IA generativa semanalmente e dissolvendo a linha entre ferramenta e colega no cotidiano executivo. O ambiente corporativo abriga um novo personagem intangível: um “colaborador” incansável, ausente do organograma tradicional.
A adoção de IA avançou de hipótese à prática corrente de forma abrangente. Em 2025, pesquisas globais indicam que a maioria das organizações já incorpora IA de modo disseminado. 95% dos profissionais de tecnologia se valem de assistentes de IA e a grande parte acredita em ganhos de produtividade significativos. As iniciativas isoladas de laboratório deram lugar a implantação cobradas de retorno real: 3 em cada 4 empresas já reportam ganhos tangíveis sobre investimentos em IA generativa, e 72% acompanham métricas de ROI ligadas à produtividade, lucratividade e throughput operacional. Os investimentos acompanham essa inflexão. Quase 88% dos executivos planejam elevar gastos em IA generativa nos próximos 12 meses, com 62% projetando crescimento orçamentário superior a 10% em um horizonte de 2–5 anos, um indicativo claro de confiança na escalabilidade da tecnologia.
A adoção da GenIA dentro das organizações na prática
As estratégias variam conforme a maturidade de cada empresa: muitos adotam frentes focadas e modulares com parceiros especialistas, buscando valor mensurável em domínios específicos, enquanto outras integraram a IA generativa de ponta a ponta em fluxos de trabalho e ecossistemas de dados alinhados aos objetivos do negócio. Em todas, porém, nota-se uma exigência comum de robustez operacional. Os clientes internos não se impressionam mais com pilotos ou demos chamativas e esperam que os modelos sejam capazes de lidar com cargas de trabalho reais e suportar pressões de produção sem colapsar, sinal de uma mudança de patamar na seriedade com que a IA é tratada.
Incorporar IA no enterprise expôs desafios humanos e culturais. Muitos líderes já identificam lacunas de competências como gargalo crítico. 49% citam escassez de talento avançado em IA generativa e quase o mesmo número vê déficit de liderança em gestão da mudança (41%), o que torna indispensável investir em capacitação e reconfiguração de papéis. Executivos visionários começam a promover a IA como “copiloto” das equipes, ressaltando que a tecnologia pode liberar times inteiros de tarefas repetitivas para focar no trabalho estratégico. Com comunicação transparente e treinamento direcionado, é possível converter a ansiedade inicial em entusiasmo, fazendo da IA um multiplicador de potencial humano em vez de fonte de resistência. Esses esforços de upskilling e cultura visam preparar um futuro de times híbridos, onde analistas de negócio trabalham lado a lado com agentes virtuais e colaboradores aprendendo a guiar e supervisionar modelos de IA como parte integrante da força de trabalho.
Estudos indicam que os maiores retornos da inteligência artificial emergem não das ferramentas em si, mas da melhora do sistema operacional da empresa. É sintomático que 90% das organizações tenham adotado práticas de engenharia de plataformas internas para servir de alicerce à IA. Da mesma forma, emergem frameworks de governança dinâmica para garantir uso seguro e eficiente: organizações pioneiras “embebedam” controles automatizados nos fluxos de IA, com guardrail agents monitorando compliance e critique agents desafiando saídas questionáveis, tudo em tempo real. A governança torna-se contínua e orientada por dados, mantendo o fator humano no comando final das decisões, um equilíbrio em que a supervisão precisa ser suficiente para mitigar riscos sem sufocar a velocidade algorítmica. Quem acerta nessa dosagem consegue capturar mais valor da IA, enquanto quem erra pode ver a escala limitada pela capacidade de oversight dos humanos.
Dito isto, a IA generativa deixa de ser aposta experimental para se firmar como ativo estratégico em 2026. Esse ano marca uma inflexão emblemática em que a fase de “aceleração responsável” dá lugar à busca de performance em escala. Com a adoção já universalizada, o foco dos líderes desloca-se do experimentar para o aprimorar vantagem competitiva por meio de casos de uso comprovados, métricas padronizadas e guardrails confiáveis. Analistas do setor ressaltam que GenAI passa a ser reconhecida como ativo estratégico para amplificar produtividade e competitividade, habilitando hiperpersonalização, automação em grande escala e inteligência em tempo real nos negócios. Em outras palavras, a tecnologia deixa de ser novidade pontual e passa a ser cobrada nos mesmos termos de qualquer investimento majoritário: evidências concretas de ROI, integrações responsáveis ao core do negócio e alinhamento com resultados.
“Os líderes já não se contentam em rodar pilotos e querem provas”, observou um pesquisador de Wharton, notando que GenAI agora é julgada pelos mesmos padrões rigorosos de outras apostas estratégicas, um sinal claro de maturidade crescente. Vislumbra-se, assim, a imagem de uma organização híbrida e fluida, onde pequenas equipes de humanos orquestram dezenas de agentes de IA especializados em redes planas orientadas a resultados. A hierarquia tradicional dilui-se em fluxos dinâmicos: decisões tomadas em cadência de tempo real, supervisionadas por algoritmos de controle, enquanto organogramas cedem lugar a ecossistemas expansíveis além das fronteiras da empresa.
Liderar nesse contexto vai exigir uma nova alquimia executiva. Será uma síntese instável, porém potente, entre o cálculo incansável das máquinas e a sensibilidade estratégica dos líderes, convertendo a adoção de GenAI em vantagem competitiva sustentável para quem souber harmonizar governança, infraestrutura, operações e produto neste novo concerto empresarial.
Por Alexandre Caramaschi, CMO da Semantix